Dia Mundial da(o) Médica(o) Veterinária(o), parabéns colegas!

No dia 27 de abril desse ano, celebramos o Dia Mundial da(o) Médica(o) Veterinária(o).

Para seguir a profissão de medicina veterinária, temos que ser ultra dedicada(o)s e muito resilientes, primeiramente, pois somos médica(o)s de animais não humanos, seres que têm suas vidas inferiorizadas em relação aos humanos. Além disso, como não tratamos diretamente de seres humanos, nossa profissão sofre desvalorização pronunciada, devido à hierarquia não verbalizada existente no meio profissional, como relata a Dra. Barbara Natterson-Horowitz, em seu livro Zoobiquity (livro lançado nos EUA, em 2012).

Mas qual é a importância da(o) médica(o) veterinária(o)?

Nós, médica(o)s veterinária(o)s, aprendemos sobre a beleza da diversidade da medicina, aprendemos a tratar doenças de animais de diferentes espécies e, dentro de uma mesma espécie, aprendemos a tratar dos problemas de diferentes raças. Temos que decodificar a linguagem não convencional utilizada por nossos pacientes. Estudamos a riqueza comportamental dos animais não humanos de diferentes espécies.

Atuamos efetivamente no controle de zoonoses, que são as doenças que afetam tanto os animais não humanos quanto os humanos, podendo ser transmitidas entre estes e aqueles, podendo-se citar a raiva como exemplo. Somos pioneiros no desenvolvimento de técnicas cirúrgicas e de novos tratamentos para melanoma e osteossarcoma em cães, os quais agora são usados em seres humanos.

E como é ser médica(o) veterinária(o)?

Juramos oferecer assistência médica aos inúmeros tipos de animais não humanos que povoam o planeta, ainda que quem nos empregue, crie as leis que versam sobre os direitos animais e aja como guardiões responsáveis por animais não humanos sejam seres humanos! Dessa forma, onde os conflitos de interesses são abundantes, prevalece a vontade e desejo dos humanos, até mesmo em situações onde guardiões são muito bem intencionados.

Vivenciamos intensamente a pressão da injustiça social, onde guardiões de animais não humanos não têm como pagar o tratamento de nossos pacientes. Sofremos com a carga da inexistência de um sistema de saúde pública destinado aos animais não humanos. Temos que lidar diariamente com a dor de animais que foram abandonados e/ou maltratados.

Recebemos ameaças de difamação, quando cobramos por nosso serviço e em outras situações. Somos ameaçada(o)s de perder nossos empregos quando denunciamos maus-tratos a animais, como aconteceu com a médica veterinária australiana Dra. Lynn Sympson, que foi destituída de seu cargo.

De modo geral, somos sobrecarregada(o)s pela existência de uma variedade de injustiças, e ainda temos que lidar com a morte “corriqueira” de nossos pacientes, uma vez que muitos possuem vida útil entre 10 e 20 anos.

A desvalorização da profissão, a falta de recursos financeiros, a existência de inúmeros dilemas éticos e morais, e o cyberbullying são as causas que levam um(a) em cada seis médica(o)s veterinária(o)s pensar em suicídio. Não é surpreendente que a classe de médica(o)s veterinária(o)s exiba uma das maiores taxas de suicídio, no universo das profissões. Essa taxa é aproximadamente duas vezes maior que a taxa apresentada pelos profissionais de odontologia e medicina humana, e quatro vezes superior àquela observada para a população em geral.

Nós da VEG VETS lutamos por um mundo mais justo, onde nossa profissão receba seu merecido valor e nossos pacientes não sejam meramente vistos e tratados como fonte de comida ou ferramentas, mas sim como companheiros de nossa existência nesse planeta!

Seja legal com a(o) médica(o) veterinária(o)!

Que tal estender a sua empatia em relação aos/às médica(o)s veterinária(o)s? Já mandou sua mensagem de gratidão ao/à seu/sua médica(o) veterinária(o)?

Fontes:

World Veterinary Day Award 2019

Zoobiquity: What Animals Can Teach Us About Being Human by Barbara Natterson-Horowitz and Kathryn Bowers, 2012.

Study: 1 in 6 veterinarians have considered suicide

4 Shocking Reasons Veterinarians Have A Huge Risk Of Suicide

Suicide in veterinary medicine: Let’s talk about it

Suicide among veterinarians in the United States from 1979 through 2015