Por que os cachorros comem cocô?
Essa é uma das perguntas que os veterinários escutam com mais frequência. Em estudo realizado por equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis (EUA), foram analisadas 1.475 respostas de proprietários de cães, e os resultados mostraram que não há conexão entre o ato de comer fezes (coprofagia) e a idade ou dieta do animal.
No estudo em questão, a coprofagia foi mais observada em cães que apresentavam apetite voraz; os chamados comilões. No mesmo estudo, testou-se a eficácia de produtos ditos capazes de combater a coprofagia canina, mas todos eles apresentaram efeito próximo do nulo sobre o comportamento coprofágico dos cães. Ou seja, nenhum funcionou! Além disso, observou-se que a maioria dos cães que apresentaram esse comportamento preferiu fezes frescas; isto é, cocô que estava no ambiente havia, no máximo, dois dias.
Os pesquisadores acreditam que o comportamento coprofágico tenha sido conservado ao longo da evolução da espécie canina, representando uma ferramenta para diminuição da contaminação ambiental por parasitas eliminados nas fezes. Outros pesquisadores, além de corroborar essa ideia, também acreditam que há outros fatores envolvidos no desencadeamento da coprofagia.
Mas por que esse estudo é importante, afinal?
Bem, há donos de cães que consideram tão repugnante o ato de seus cães comerem as próprias fezes, que isso os leva a tratar seus animais com desprezo ou, mesmo, a abandoná-los! Dessa forma, é muito importante conhecer as causas do comportamento coprofágico e saber quais tratamentos podem ter algum efeito positivo sobre o mesmo, de modo a se combater os maus-tratos praticados contra os cães que comem cocô.
Link para o artigo original: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/vms3.92/full
Texto: Isabelle Tancioni